sábado, 16 de julho de 2011

OS COSMÉTICOS NATURAIS CERTIFICADOS

Há um movimento mundial crescente, onde as pessoas buscam aliar as inúmeras qualidades dos ingredientes naturais à eficácia, segurança, acessibilidade e conforto que a tecnologia pode oferecer.

Na área de saúde, beleza e bem-estar estamos assistindo a uma imensa re-visitação as terapias e conhecimentos tradicionalmente usados por várias culturas, algumas até extintas, com foco em cuidado e cura. Agrego a isso também uma conscientização maior quanto ao uso dos recursos naturais do planeta, os mecanismos de descarte e a reciclagem do lixo. A preferência por materiais renováveis e biodegradáveis, de menor impacto ecológico, especialmente se deriva de fontes certificadas como orgânico ou de outros processos responsáveis de uso de recursos naturais está se tornando uma realidade.

Mas não podemos nos esquecer de que o consumidor deseja mesmo é pureza, eficácia e preço justo, portanto a biotecnologia e a tecnologia de extração de ativos e fracionamento de materiais está cada vez mais presente no dia-a-dia das empresas.

Formulações sem perigo?

Segundo o National Institute of Occupational Safety and Health (NIOSH), nos Estados Unidos foram detectadas 884 substâncias químicas tóxicas, comumente presentes em formulações de produtos cosméticos para higiene e cuidado da pele.
De acordo com o Dr. Samuel Epstein, professor emérito da cadeira de medicina da Universidade de Illinois, em Chicago, e autor do livro Unreasonable Risk, ingredientes como Talco, Dióxido de Titânio, Trietanolamina, Sacarina e derivados de Óleo mineral, entre tantos outros, são francamente carcinogênicos. Já liberadores de Formaldeido, como Diazolidinil urea, Quaternium 15 e DMDM Hidantoína, são carcinogênicos escondidos, representando perigo potencial de uso. A lista de substâncias nocivas proposta pelo dr. Epstein é imensa, nem mesmo o Triclosan escapa...

O pulo para os orgânicos

Com um panorama tão assustador como este, a "cosmetologia orgânica" começa a despontar. Pesquisa na rede de orgânicos Wellness da Alemanha mostrou que os produtos naturais para o corpo representam 19% de todo o mercado, incluindo alimentos. O resultado total com produtos naturais para o corpo e cosméticos naturais alcançou 450 milhões de Euros na Alemanha no período 2003/2005.
No campo regulatório começam a aparecer movimentos, tanto que desde 1996 já existe na Europa um selo de certificação para cosméticos orgânicos emitido pelo BDIH, a associação alemã das industrias farmacêutica, de produtos de cuidados de saúde, suplementos nutricionais e de higiene pessoal, para as formulações que usam como matérias-primas unicamente ingredientes derivados de plantas, como gorduras, ceras, extratos herbais e óleos essenciais cultivados e processados organicamente.
Ditando as regras
O guia alemão propõe que as formulações sejam, tanto quanto possível, baseadas em ingredientes obtidos de plantas cultivadas e controladas biologicamente, no caso de extrativismo, este deve obedecer as normas vigentes. Materiais geneticamente modificados, obviamente, estão fora de cogitação.
Não são permitidos os derivados de vertebrados, como óleo de mink ou tartaruga, gorduras animais ou células vivas. Não são permitidos testes em animas, nem para intermediários.
Para a produção de cosméticos naturais, agentes de emulsificação e surfactantes podem ser usados se são obtidos por hidrólise, hidrogenação ou estearificação ou trans-estearificação nos seguintes materiais: gorduras, óleos e ceras- lecitina- lanolina e monossacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos- proteínas e lipoproteínas.
O uso de sais inorgânicos, como sulfato de magnésio, e ingredientes minerais, como cloreto de sódio, é permitido.
Os itens definitivamente rejeitados são corantes, pigmentos e fragrâncias sintéticas, materiais etoxilados, parafinas e derivados de petróleo; o critério que determina quais substâncias aromáticas são permitidas é a ISO 9235.
Em relação aos conservantes, aqueles idênticos aos encontrados na natureza são permitidos, juntamente com uso de sistemas de conservantes naturais, incluindo ácido benzóico, sais e ésteres acetílicos derivados, ácido salicílico, sais derivados, ácido ascórbico, sais derivados e álcool benzóico. Porém o uso destes materiais deve ser declarado na rotulagem.
A esterilização através de irradiação é proibida.

Em Terra Brasilis

No Brasil o selo EcoSocial do Instituto Biodinâmico é uma identificação complementar aos padrões orgânicos IBD. O Projeto "Orgânicos Brasil" é uma iniciativa da APEX-Brasil (Agência de Promoção de Exportações do Brasil) e a FIEP (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), com o objetivo de promover a exportação de produtos orgânicos, entre estes os cosméticos.
Para analisar a movimentação no mercado interno, o termômetro é a Biofach, feira do setor que acontece na Europa, Japão, Estados Unidos e na América Latina e já tem data marcada para sua próxima edição, em outubro deste ano. Segundo Francis Canterucci, diretora da ABRAPAN (Associação Brasileira de Produtos Naturais), que esteve no último evento da Biofach, em novembro/2005, o Brasil foi escolhido o país-tema na Feira de Ontário, que aconteceu em fevereiro do ano passado, um modelo de produção natural. Para ela os produtos naturais brasileiros são muito bem aceitos lá fora, o que precisamos é driblar custos.

Fonte:Sonia Corazza

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